
Ultimamente tenho tido alguns sapos a engolir. Note-se: em primeiro lugar, esfumara-se o Brasil, numa «surpresa» que, no entanto, já parecia inevitável. Eu, que afirmara infantilmente (entre outros, aqui também) que o Brasil talvez viesse para jogar mal
e golear, deparei-me com a concretização do
prognóstico do Carlos - ou seja,
au revoir Brésil.
Por outro lado, a surpresa positiva foi, de facto, a França. Tendo perdido os primeiros jogos gauleses na competição, foram-me informando da mediocridade de muitos dos seus jogadores. No entanto, pouco a pouco, foram «crescendo». E agora aí os têm, com especial destaque para Vieira, Zidane, Henry e Ribéry, que já fizeram chorar alguns dos adeptos mais fervorosos do futebol. Brasil e Espanha (esta uma possível
outsider, mas com o trauma das eliminatórias) já se foram, e agora receio por Portugal. Depois de ter tido alguma confiança nos outros dois jogos, receio realmente por Portugal para este jogo. Ronaldo, Ronaldinho e companhia só de longe conseguiram assustá-los.
Por fim, talvez esteja reservado o maior sapo a engolir. Um sapo gordo, com direito a má digestão: a Itália. Jogando à maneira da
Cosa Nostra - pela calada, como se nada fosse - os italianos lá foram tido alguma sorte na caminhada. O jogo contra o Gana e o penalty-mais-do-que-fantasma contra a Austrália não foram esquecidos, mas a verdade é que eles aí estão, usando e abusando do contra-ataque e de alguns bons médios capazes de pôr a bola no homem mais avançado (pobre Pirlo, condenado a jogar numa selecção miserável como aquela). Se o Carlos
afirma que a Itália tem todas as possibilidades, eu confesso o meu mau pressentimento: que o título vai ser, provavelmente, deles. Portugal não se costuma dar bem com eles e a Alemanha, como se viu no jogo contra a Costa Rica (dois golos iguais de Wanchope), e um pouco por causa da sua pressão ofensiva, também não tem armas para deter contra-ataques. Contra-ataques esses que são a chave do sucesso italiano.