O IMAGINÁRIO
A Rádio, a amada Rádio, foi sempre a voz que me trouxe novas do meu Vitória. O domingo não era domingo sem a companhia da telefonia, numa inquietação de partilha de jogos numa mesma antena, quase sempre ocupada por aqueles a que se convencionou chamar de grandes. A escuta ansiosa. Nos momentos de ouro, o relato em directo do Bonfim, ou de um outro qualquer palco verde, por onde estivessem os nossos atletas. Dava por mim a compôr mentalmente as jogadas, o bailado com bola, a combinação elegante de uma coreografia maior. O jogo era assim vivido num imaginário colorido, dedicando ao Vitória artes da bola muito para além das suas capacidade. No conforto da fantasia, criava mentalmente jogadas irreais ao som do relato. Para mim só poderia ser assim, jogando o Vitória, até a cor da relva seria mais brilhante, acabava o jogo, e esquecia quase sempre o resultado, que o mais importante, aquilo que mais significado tinha, eram as exibições e estas, no inventado mundo dos jogos acompanhados pela Rádio, eram lindas e intermináveis.
Ficou-me o hábito, a mania. Ainda hoje é na rádio que encontro o conforto para o acompanhamento dos jogos do Vitória, ali continuo a viver num mundo outro, ali o Vitória joga como gosto, ali a imaginação joga a avançado centro, naqueles minutos sou o treinador e capitão da equipa, naqueles minutos o Vitória é o centro do universo. No simples relato do meu Vitória, imagino a atenção reverencial dos outros, aqueles que gostariam de ter um clube tão perfeito como o meu.
Discutisse agora o futebol do Vitória e era das minhas jogadas que falaria, defenderia com unhas e dentes o futebol bonito, lindo, do Vitória. Afirmaria, convictamente, quão eficiente é o seu futebol. Fosse necessário e recordaria jogos antigos, fantasias em arquivo, forma segura de confirmar essa paixão. Tivesse que provar e diria, sem hesitação, que não houve, não há, clube com um futebol mais perfeito. Não mentiria que tudo isso existe, realmente, no meu imaginário construido ao som da telefonia.
Ficou-me o hábito, a mania. Ainda hoje é na rádio que encontro o conforto para o acompanhamento dos jogos do Vitória, ali continuo a viver num mundo outro, ali o Vitória joga como gosto, ali a imaginação joga a avançado centro, naqueles minutos sou o treinador e capitão da equipa, naqueles minutos o Vitória é o centro do universo. No simples relato do meu Vitória, imagino a atenção reverencial dos outros, aqueles que gostariam de ter um clube tão perfeito como o meu.
Discutisse agora o futebol do Vitória e era das minhas jogadas que falaria, defenderia com unhas e dentes o futebol bonito, lindo, do Vitória. Afirmaria, convictamente, quão eficiente é o seu futebol. Fosse necessário e recordaria jogos antigos, fantasias em arquivo, forma segura de confirmar essa paixão. Tivesse que provar e diria, sem hesitação, que não houve, não há, clube com um futebol mais perfeito. Não mentiria que tudo isso existe, realmente, no meu imaginário construido ao som da telefonia.
1 Comentários:
Às 2:05 da manhã , Anónimo disse...
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