Bonfim

Um blogue de vitorianos

sexta-feira, junho 09, 2006

Três equipas

Todos esperam, e é justo que assim seja, que eu tome uma de duas posições: dizer que devemos apoiar a selecção «porque é a que temos e eles precisam do nosso apoio»; ou dizer que não gosto de Scolari e que espero que fiquemos pelos grupos como castigo ao senhor do bigode. Embora seja justo tomar uma daquelas posições, opto por uma terceira, ou seja, vou apoiar Portugal porque acho que dois ou três jogadores de ataque e um ou outro defesa que temos merecem um títulozinho e podem fazer a diferença. Não detesto Scolari e, embora o homem seja irritante (Agostinho de Oliveira que o diga) e insista de forma doentia de há quatro anos para cá nos três filhos pródigos Ricardo, Maniche e Pauleta (sendo que este último só marca golos onde ninguém o está a ver, i.e., Salamanca ou campeonato francês), fazendo a soma do que ele fez, até se pode dizer que construiu uma verdadeira equipa na selecção. Se esse teor de «clube» que existe na selecção é positivo ou negativo cabe a cada um reflectir, mas Portugal, decididamente, só poderá chegar à final com muita dose de sorte.

Por isso, destaco as três equipas que mais vão merecer a minha atenção neste Mundial: Brasil, Inglaterra e Austrália.
Começo pelo Brasil. Claramente o favorito ao título. Não só é o Brasil como é o Brasil de Roberto Carlos, Emerson, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e por aí fora. Depois, temos a ausência da clássica pressão comercial sobre a mente frágil de um jogador de futebol: tendo um ataque com jogadores que já há algum tempo dão ares da sua graça no Milão, no Real Madrid, no Barcelona ou no Inter, é óbvio que ninguém está ali para se exibir aos senhores mais ricos (do nosso lado, temos a novela do pobre Simão). É, portanto, uma soma de excelentes individualidades, talvez das melhores.
Claro que também tem os seus contras. Senão vejamos: a única vez que o Brasil ganhou duas vezes seguidas a competição foi em 1958 e 1962, e nesse tempo a bola era de Garrincha - claro que se pode argumentar que Ronaldinho Gaúcho é bem capaz de estar ao nível de Pelé, mas quarenta anos não deixam de ser uma distância respeitável e supersticiosa. E depois, não têm rival à altura para o seu favoritismo, o que é uma pressão desmesurada. Ainda assim, partem isolados, na minha opinião, nesse favoritismo.

Depois vem a Inglaterra. Vítimas da síndrome do anglicanismo, sem dúvida, parecem nunca sair do medianismo nas competições internacionais. No entanto, 2006 traz uma equipa diferente. Nunca na minha curta vida vi a Inglaterra tão forte, com uma reunião sortuda de jogadores tão bons e em tão boa forma. Se Terry e Campbell (que talvez não seja o preferido) são pilares atrás, o meio-campo, ou melhor, o «meio do campo» é coberto pelos dois actuais melhores do mundo nessa mesma posição: Lampard e Gerrard. Na frente, é claro, os dois fenómenos Owen e, esperemos, Rooney são opções de peso. Se Portugal «desaparecer» nas primeiras eliminatórias, é sem dúvida este país aquele que apoio.

Por fim, a minha aposta para ser a surpresa desta edição do Mundial: a Austrália. Provavelmente a selecção mais subestimada das 32, a equipa australiana surge num grupo difícil e complexo (Brasil, Japão e Croácia) com uma equipa com grande potencial. Ironicamente, parece-me que o teste mais difícil é precisamente a qualificação, nesse grupo, para as eliminatórias seguintes. Passando-o, está a revelação confirmada, e em jogos decisivos de Mundial é possível ganhar a qualquer selecção. Pode nem passar do grupo, mas com Cahill, Kewell, Aloisi e Bresciano, é uma das selecções que, por ninguém esperar muito deles, podem bem apanhar os adversários desprevenidos. Só por isso, e pela simpatia de terem partido algumas pernas aos meninos-de-coro da Holanda, têm a minha atenção.

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