SUBIR A MONTANHA

Contrariamente a Sisifo, o Vitória não se encontra perante uma punição, no repetitivo e inútil exercício de arrastamento do pedregulho, montanha acima, para, uma vez vencida a elevação, retomar do sopé a subida depois da queda da rocha.
Não: o Vitória encontra-se no nobre exercício de subida da montanha, mas numa competição desigual, com o peso do pedregulho às costas.
E o peso que pesa, penosamente, não parece sentir-se.
Veja-se a leveza, veja-se que uma equipa escondendo as misérias, tapando orgulhosamente o pedregulho com o brilho do seu esforço, vencendo onde outros, mais leves, não auguram chegar.
Veja-se que uma equipa ganhando, alcançando pontos, colocando-se discreta mas seguramente no terceiro lugar.
Veja-se aquela equipa regressando de Braga, veja-se todos aqueles homens. Ali onde os vêem sorrir, comemorar, felizes, ali mesmo está o peso do pedregulho que acartam, tenazes, valentes, montanha acima.