Bonfim

Um blogue de vitorianos

sexta-feira, setembro 30, 2005

Por pouco

Ontem fiz uma coisa que há muito tempo não fazia.
Ouvi um jogo completo pela rádio.
A cada minuto que passava, a esperança que o resultado fosse diferente daquele premeditado pela razão, aumentava. É certo que o golo genovês chegou cedo, mas a 2ª parte foi do Vitória.
Após bolas ao poste e outras a saltar ali perto da baliza, à espera de um desvio, veio o apito final. E eu fiquei com a sensação de que podíamos ter tido mais sorte, um pouco mais de arte e um pouco mais de vento lateral no livre do Nandinho.
Por pouco perdemos e por pouco íamos ganhando.

Domingo, business as usual.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Génova

Hoje é, certamente, um dia apreensivo para os devotos adeptos do Vitória. A equipa vai a Génova (com uma inevitável escala em Milão para aproveitar os saldos) defrontar a histórica Sampdória. E Setúbal vai estar, certamente, de ouvidos atentos à rádio, já que as estações televisivas, e alguns monopólios, remeteram o jogo para o esquecimento.
Não acreditamos em milagres, mas é tradição na cidade e no clube o esforço extra em jogos cruciais. Hoje será um desses momentos, espero.

O jogo será transmitido, provavelmente, na Rádio Azul (98.9) ou Rádio Voz de Setúbal (100.6). Uma informação que será útil a partir das 19h45.

domingo, setembro 25, 2005

Que tristeza

Alvalade XXI Há mais de cinco anos que não ia à bola.
Este domingo decidi terminar o jejum e fui com uns amigos lagartos a Alvalade ver o Vitória. E que desilusão!
A começar, o preço dos bilhetes. Uma exorbitância.
A claque vitoriana VIII Exército envergou duas faixas adequadas, que versavam mais ou menos isto: bilhetes caros e o povo está teso, numa, estádios vazios, noutra faixa (salvo erro).
Como o ingresso estava pago, pelo menos que o jogo praticado compensasse os 25 euros. Nem 10, quanto mais 25.
O Vitória mostrou-se uma equipa apática no relvado. Sem vontade de jogar.
Só na segunda parte deu alguns sinais, mas muito ténues. Quanto ao único golo, o sofrido, que selou a derrota, não se admite numa equipa profissional.
O Sporting, para candidato ao título nacional, uma miséria.
Em suma, o jogo foi uma vergonha. Mau. Muito mau.
De qualidade, apenas a prestação dos guardiões sadinos, Moreto e Marco Tábuas, que entrou em jogo devido à expulsão do primeiro.
Que tristeza. Ainda por cima rapou-se um frio bastante agradável.

sábado, setembro 24, 2005

O «Luvas de Ferro»

Nelson Rodrigues escrevera, outrora, sobre um guarda-redes brasileiro, Jaguaré, que prometeu «defender um penálti» e, de seguida, «rodar a bola em cima do dedo» em tom de desafio. O problema foi que Jaguaré não conseguiu defender o dito penálti, por mais que uma vez, pois, segundo disse, deu-lhe «uma fraqueza nas pernas». No entanto, as desventuras de Jaguaré à beira do Campeonato Mundial de 1930 não são nada comparadas com outras figuras deste lado do Atlântico, em Portugal.

Também o Vitória de Setúbal teve os seus porteiros emblemáticos. Um dos mais conhecidos talvez seja o, já falecido, «nosso» Baptista. Um senhor que o meu avô teve o prazer de conhecer desde a juventude e que, através dessa mesma amizade duradoira, também eu vim a conhecer. Diziam os homens de outros tempos que Baptista não tirava os pés do chão para defender, dado o seu estilo de «guarda-redes gigante». Esqueçam as bolas que sobrevoam a cabeça de Vítor Baía. Baptista, guarda-redes do Vitória da (posso estar em erro) década de 40, cobria verticalmente a baliza no sítio certo, estando geralmente imune às gracinhas dos atacantes adversários que, talvez pela altura da queda do Muro de Berlim, aprenderam a fazer os infames «chapéus» aos guarda-redes - os truques «baixos» da democracia.

Mas, para além de saber sempre onde se encontrava a baliza, Baptista, dizem, tinha uma outra característica que o viria a imortalizar (e a remeter, infelizmente, ao esquecimento) ainda antes da sua morte. Uma característica que fazia dele um símbolo maior que qualquer Jaguaré: Baptista conseguia segurar e defender os remates dos adversários com uma só mão, à primeira, e fazia-o habitualmente. Dizia o meu avô que, caso a bola já viesse a descer, fosse com força, fosse sem força, Baptista a agarrava só com uma mão. Resta-nos apenas imaginar que a agarrava quase sem olhar, enviando-a de seguida para os avançados.

Mas não, história é história, e o «Luvas de Ferro», assim foi chamado Baptista, foi um dos melhores guarda-redes da história do Vitória. Ou não fosse o meu avô a garanti-lo.

*texto de 19 de Agosto publicado no Lusitano

quarta-feira, setembro 21, 2005

Mourinho e a selecção

Sobre a hipótese de substituir Sven-Goran Eriksson à frente da selecção inglesa:
"I feel that national teams are for national people," Mourinho said. "To do it for your own country must make it feel so different. I would like to go with the Portuguese national team with the Portuguese flag, leading my country."

terça-feira, setembro 20, 2005

Agora lêem-se cartas para (não des)afinar

Presidente e técnico sadinos leram duas cartas, na conferência de imprensa que assinalava o fim do desentendimento, por forma a transmitirem a ideia de que tudo está sanado.
Ainda há poucas semanas um antigo jogador do Benfica leu uma carta publicamente. Assim que a conferência de imprensa acabou, as palavras da carta foram desmentidas pelo próprio jogador.
Se calhar não havia nenhum balneário disponível para liderar e entre treinar uma equipa a partir do sofá de casa ou do banco do Vitória, vale mais o segundo, pois permanece no activo.
Os casos são diferentes, mas os motivos de uma conferência, que se baseia na leitura de uma carta não é.

Afinal...

... amigos como dantes, Norton de Matos e Chumbita Nunes, comunicam a continuidade do treinador.

Lá continuará a aproveitar a sombra do banco do Vitória (que o Sol ainda é forte) e a perguntar a Carlos Cardoso quem deve substituir. Lá vão os sócios da bancada ao Sol (que como se sabe ainda é forte) continuar a dizer mal da família do técnico...

Diz-me um colega de repartição que devo ter paciência. Como sócio do Belenenses, ele está encartado para o dizer. Mas também... bolas! eles levaram-nos o Meyong que se tem fartado de marcar golos! Que era outro que passava a vida a ser assobiado pelos tais sócios escaldados do Sol.

Uma pista...

Atrás de mim, na fila para entrar no Bonfim, na quinta-feira passada (jogo com a Sampdoria), estavam José Couceiro e Pedro Martins.
Nada como se dar a "ver", para reavivar memórias ainda recentes.

Recordo, já agora, que muitas foram as vezes que Couceiro lembrou publicamente os problemas de salários em atraso na altura em que esteve no Vitória (meses e não semanas como agora). A equipa nunca demonstrou falta de empenho. Como espero que não o demonstre agora. É de todos conhecido o valor reduzido do orçamento vitoriano e os constrangimentos de tesouraria (incluindo a penhora de receitas, como as da Taça), não devendo ser surpresa a existência de atrasos.

"V. Setúbal: Couceiro é o desejado para substituir Norton"

Noticia do Diário Digital.
O treinador Norton de Matos está de saída do Vitória de Setúbal, empurrado pela SAD vitoriana, a qual tem já escolhido o nome do técnico que pretende ver à frente dos destinos da equipa: José Couceiro, ex-treinador do FC Porto.

A notícia é avançada na edição desta terça-feira do jornal A Bola, que refere, inclusive, que a decisão de despedir Norton de Matos, com base nas suas críticas quanto ao atraso no pagamento dos salários ao plantel, terá sido já tomada, devendo ser publicamente anunciada esta terça-feira, em conferência de imprensa, pelo presidente da colectividade, Chumbita Nunes.

Embora a saída de Norton de Matos esteja quase certa, o regresso de José Couceiro deverá ser, no entanto, difícil, uma vez que, segundo A Bola, o técnico não deverá estar muito inclinado para assumir um plantel que já não pode moldar à sua imagem ? reforços, só em Janeiro ?, e logo numa temporada em que descem à Liga de Honra quatro equipas.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Rescaldo da jornada

Em estilo telegráfico, aqui fica o meu comentário ao jogo:
Sougou


Agora que ficaram com uma ideia de como correu o jogo, vamos ao que não interessa. Que raio levou Norton de Matos a comentar na conferência de imprensa os salários em atraso da maneira que fez, obrigando a direcção a esclarecer que só o mês de Agosto está em atraso?
A avaliar pelos comentários dos sócios e demais "treinadores de bancada", uma saída sua do Vitória não vai deixar ninguém com saudades. Por isso, se não estiver satisfeito...

Agora sim

O Vitória está a obter bons resultados (e o adversário da UEFA ganhou, em casa, ao Milão).
No próximo domingo à noite a deslocação não vai além da parte verde da Segunda Circular.

sábado, setembro 17, 2005

O adepto do Vitória

Não há nada mais básico que um adepto de futebol. Não falo do adepto em todos os momentos da sua vida, mas simplesmente do curto período de 120 minutos que rodeia um jogo de futebol importante (90 do jogo, o resto para confraternizar e digerir). O adepto é, momentaneamente, um ser básico e irracional, um animal instintivamente virado para um objectivo, na companhia dos da sua estirpe.
No entanto, apenas no futebol, e nos grandes adeptos de futebol (que já não existem), se dá o fenómeno a que chamamos de lealdade. Não da lealdade ao hooliganismo (gente que liga pouco ao jogo), mas ao clube. O futebol é um mundo diferente daquele em que impera a vontade individual. Na verdade, o futebol é o único sítio em que a despersonalização do homem, e a sua introdução nas massas, se dá correctamente e com um efeito saudável. E que adeptos mais obstinados existiram que os meus antepassados, sempre apoiantes do Vitória de Setúbal?

Contou-me, em tempos, o meu avô, uma história que me marcou para sempre. Reza, então, a minha genealogia que, na década de 1940, um seu primo jogava no Vitória e era muitíssimo cobiçado por todos os outros clubes, sendo o pretendente mais azougado o Futebol Clube do Porto. Ao que parece, o então jovem extremo-direito sonhava, como qualquer «provinciano de Setúbal» de outros tempos, em jogar num clube onde pudesse ser bem sucedido, e onde pudesse impressionar a família. Nada melhor lhe poderia ter sucedido numa altura tão moralmente caótica: o Porto «convidava-o» a jogar por eles. O jovem nem pensou. Não precisava. Era o que queria. Saindo dos escritórios do clube, voltou a casa. Ora, deve saber o leitor mais aficionado que o futebol, antes, tinha muito mais a ver com uma cidade do que hoje tem. E, em Setúbal, quem não fosse do Vitória era até olhado de soslaio no café, no banco, no barbeiro, nas ruas...
A primeira coisa que fez ao chegar a casa foi informar a família da decisão. Por outras palavras, empenhou-se na tarefa de revelar ao pai a sua decisão. «É o meu maior desejo», pensou. O pai dignou-se a ouvir o que o imberbe filho lhe parecia ansioso por contar. O jovem disse: «Vou jogar para o Porto». Aí o pai levantou-se, de um salto, do cadeirão de madeira e, com ar sereno mas militar, deu dois passos em direcção ao filho. Com um só movimento rápido e seco, deu uma bofetada ao filho. «Tu do Vitória não sais!». Naquela bofetada caíram a ambição, a inocência e a ?deslealdade?. Era um pequeno e modesto povo na palma da mão. O jovem acabou por nunca jogar noutro sítio senão no Vitória de Setúbal, para grande honra do pai.

Outros tempos, outras histórias. Mas, sem dúvida, o mesmo Vitória.


*(texto de 2/4/2004 adaptado)

Como queremos o Vitória

Il Vitoria Setubal mostra i denti
in, "Gazzetta dello Sport", 16 de Setembro de 2005

sexta-feira, setembro 16, 2005

Ontem, no Bonfim

Quando uma equipa, com os constrangimentos orçamentais do Vitória, com resultado na composição da equipa, enfrenta uma equipa de topo italiana, não se pode pedir mais que os seus atletas honrem o emblema da camisola e deixem os sócios orgulhosos do seu esforço.
Quando a Roma jogou em Setúbal, o resultado de 1-0 foi fruto do empenho da equipa e eu, apesar do resultado 7-0 em Itália, recordo essa como uma das melhores exibições de sempre.
Example Example ExampleO golo de Maki.

Convenhamos que a equipa de 1999 tinha jogadores que já tinham dado provas do que podiam fazer: Chiquinho, Hélio, Marco Ferreira, Quim, Frechaut, H.Henriques, Mamede e até Maki (que nunca conseguiu fazer esquecer Yekini).
Example


Ontem, a mesma equipa que perdeu em casa com o Paços, soube mostrar-se merecedora dos aplausos dos sócios. Não se amedrontou com o nome do adversário e creio mesmo que se tivesse conseguido ganhar não seria nenhum escândalo.
Quero destacar um nome: Nandinho foi um verdadeiro patrão. A dada altura, todas as bolas saídas do guarda-redes passavam por ele, que as distribuía e construía o ataque. Ou seja, o defesa esquerdo foi o organizador de jogo. Decididamente sente-se a falta, no meio campo, de alguém que herde o papel do Jorginho. O curioso é que o golo foi marcado por um dos jogadores menhos brilhantes e para quem os sócios pediam substituição.
Vamos aguardar pela viagem a Génova. Nunca se sabe...

Em Itália

La Reppublica:
I portoghesi, sempre bravi nel palleggio, si affidavano alle geometrie di Ricardo Chaves per l'unica punta Fabio. (...)Nella seconda frazione di gioco, identici undici in campo e dopo appena un minuto il Vitoria Setubal trovava la rete del pareggio. Il guizzante Fabio serviva palla per il nigeriano Tchomogo che con un delizioso destro a girare spediva la sfera all'incrocio dei pali con Antonioli fuori causa.
No Corriere della Sera
All'inizio del secondo tempo arriva subito il pareggio dei portoghesi. A firmarlo è Tchomogo con un bel destro all?incrocio dei pali su cui Antonioli poco ha potuto. Nel secondo tempo i portoghesi sono più propositivi ma sono sempre della Samp le occasioni migliori.
Na Gazzetta dello Sport:
i blucerchiati hanno subito il pari dopo solo 20 secondi della ripresa, con una splendida conclusione all'incrocio dei pali di Tchomogo.(...)Per i dieci minuti iniziali il Vitoria Setubal mostra i denti: il folto centrocampo, schierato con due mediani e tre mezzepunte dietro all'unica punta Fabio sembra poter mettere in difficoltà il 4-4-2 di Novellino.(...)I più pericolosi dei padroni di casa sono il duo Sougou e Tchomogo che si sovrappongono e si scambiano di posizione con profitto, e Ricardo Chaves, che di testa impegna Antonioli in una deviazione alta sulla traversa al 6'. É questo il più grosso pericolo creato dal Vitoria nel primo tempo.(...)Pronti-via nella ripresa, la Samp a stento riesce a piazzare la difesa che subisce il pari; una sponda di Fabio, spesso utile pilone centrale, innesca Tchomogo che calibra un interno destro che si infila all'angolo alto alla sinistra del portiere.(...)

Example

quinta-feira, setembro 15, 2005

Vivó Vitória!

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Amanhã, com a voz dorida, contarei das minhas alegrias. Ou das tristezas, se assim calhar.
Já sabe que a bola é redonda, são onze de um lado e doze do outro - eu e mais alguns milhares, seremos o 12º jogador do VFC!

quarta-feira, setembro 14, 2005

Um prognóstico

Faltam menos de 24 horas para o Bonfim ser, uma vez mais, palco das competições europeias.
Que tal um prognóstico?... (mas antes do jogo, não como o outro, que só dava no fim.)
Optimista confesso, arrisco um 2-0 para o nosso Vitória.

Primeiro

A convite do Bonfim, juntei-me a este grupo unido sob a bandeira de um clube comum. Espero escrever ocasionalmente e, mais importante, com alguma qualidade. Privilegiando a paixão irracional e intemporal pelo Vitória, que, garantimos, vai muito além do desporto.
Começo aqui a minha humilde colaboração, sem, no entanto, sair da «casa»: o Lusitano.

Até já.

João Silva

segunda-feira, setembro 12, 2005

A primeira vitória

Seria fácil vir agora dizer que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida, mas a verdade é que eu não tinha grande fé que o resultado fosse uma vitória dos sadinos. Envergonho-me publicamente por tal falta de crença, vinda da exibição perante o Paços, em casa. Do que vi na TV deixo os parabéns ao Nandinho que cruzou para o golo e ao Sougou - já no Bonfim tinham lutado para evitar a derrota.

Agora vamos a ver como corre a tarde de quinta-feira. Já se sabe que no futebol há onze de cada lado, a bola é redonda e prognósticos só fim do jogo...

segunda-feira, setembro 05, 2005

O regresso do Rei Artur

O nosso compatriota Artur Jorge, outrora Rei, está a safar-se nos Camarões.
A qualificação para o campeonato mundial de 2006 está quase segura.
O Rei Artur regressa aos palcos mundiais com uma das melhores selecções africanas.

Para quem não costuma fazer muito o gosto ao pé

Há uns anos, não muitos, era frequente ler e ouvir comentários que assinalavam a falta de concretização da selecção nacional. Hoje vi, algures, numa página de jornal, que na fase de qualificação para o mundial do próximo ano, de todo o mundo, só o Brasil nos bate, por ora, com mais um, do que os 30 golos que Portugal já marcou.
Nada mal, para quem não tem uma linha de avançados ao nível das melhores do mundo.
Por exemplo, nesta fase de qualificação, os franceses só marcaram 8 golos e estão em risco de não se apurar para o Mundial.

Entrevista

O Terceiro Anel entrevista Nuno Oliveira, presidente da claque "Furacões Sadinos".